São Paulo – A vereadora pelo Rio de Janeiro Marielle Franco (Psol) foi
morta a tiros no bairro do Estácio, região central, na noite desta quarta-feira
(14). Ela estava dentro de um carro acompanhada de um motorista, que também foi
morto, e de uma assessora, que sobreviveu. Nenhum sinal de assalto, mas de
execução. Quatro dos nove tiros dirigidos contra a vereadora atingiram sua
cabeça.
Ela estava indo para casa, no bairro da Tijuca, zona norte, voltando de
um evento chamado "Jovens negras movendo as estruturas", na
Lapa, quando teve o carro emparelhado por outro veículo.
Marielle estava no primeiro mandato como parlamentar. Tinha 38 anos e
vivia e atuava na comunidade da Maré, zona norte do Rio. Socióloga, com
mestrado em Administração Pública. Era uma ativista reconhecida dos direitos
humanos.
A direção estadual do PT afirmou em nota que Marielle era vereadora
combativa e "militante por direitos humanos e igualdade social" e que
é "preciso que as forças de segurança sejam rápidas e eficientes na
apuração das circunstâncias deste crime". Assinada pelo presidente do
partido no Rio de Janeiro, Washington Quaqua, a mensagem presta solidariedade à
família e ao integrantes do Psol.
A legenda pela qual Marielle se elegeu com a quinta maior votação do
município em 2016, com mais de 46 mil votos, reforça a hipótese de crime
político. "Não podemos descartar a hipótese de crime político, ou seja,
uma execução. Marielle tinha acabado de denunciar a ação brutal e truculenta da
PM na região do Irajá, na comunidade de Acari. Além disso, as características
do crime, com um carro emparelhando com o veículo onde estava a vereadora,
efetuando muitos disparos e fugindo em seguida, reforçam essa possibilidade.
Por isso, exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo", diz
a nota do Psol. Marielle era entusiasta da indicação da chapa Guilherme Boulos
e Sônia Guajajara para disputar a presidência da República.
O PCB do Rio de Janeiro ressaltou em mensagem que o assassinato
"amplifica mais fortemente a chaga da violência urbana a que está exposta
a população pobre e negra brasileira".
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) emitiu mensagem de
pesar e dor pelo assassinato de Marielle e do motorista que a acompanhava.
"Marielle, uma amiga do MST e militante destacada na defesa dos direitos
humanos e da igualdade social, deixa um legado de lutas em favor da classe
trabalhadora", diz o movimento.
Há duas semanas, Marielle havia assumido a relatoria da Comissão da
Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a intervenção federal na
segurança pública do estado. Ela vinha se posicionando publicamente contra a
medida.
A parlamentar denunciou em suas redes sociais, no fim de semana, uma
ação de policiais militares na favela do Acari. "O 41º Batalhão da Polícia
Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari.
(…) Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior", escreveu.
A PM do Rio confirmou a operação e argumentou que criminosos atiraram
contra os policiais e houve confronto.